Entrevista ao Joaquim Quadros


 Em Junho fomos até ao estúdio da Vodafone FM para entrevistar o Joaquim Quadros. O Joaquim Quadros trabalha Vodafone FM como locutor e é ocasionalmente DJ em festas, bares e até mesmo em festivais. Na entrevista estivemos à conversa sobre o trabalho que realiza na Vodafone FM e como DJ e também sobre a promotora Puro Fun, entre muitas outras coisas. Tivemos ainda tempo para um pequeno jogo, que consistia em o Joaquim Quadros formar frases ao calhas através dos nomes das bandas que lhe íamos dando. Fica abaixo a entrevista na íntegra.

Watch and Listen: Como é que surgiu a oportunidade de trabalhares na Vodafone FM?

Joaquim Quadros: A Vodafone FM... Eu já estava a fazer estágio numa rádio do grupo como produtor, através da minha faculdade. A faculdade tinha essa parceria extra-curricular, tínhamos que fazer um estágio. Na altura surgiu o casting. Não foi bem por já estar cá dentro, mas foi por saber do casting. E, talvez esse primeiro contacto com a rádio, mesmo no papel de produtor me tinha dado alguma... sei lá, mais alguma vantagem, do que tivesse vindo completamente ignorante da faculdade sem saber o que era uma experiência na rádio. E pronto, fiz o casting e fiquei. Eles automaticamente gostaram muito de mim, da Raquel e mais de duas pessoas. A nível de presença e posicionamento neste tipo de música, acabei por ser eu e a Raquel os escolhidos. A Raquel entretanto saiu, e foi isso. Eu fiz cadeiras de faculdade na rádio, sempre me interessei imenso. A partilha e descoberta de novas bandas sempre foi uma cena com que eu tive muito contacto, e acabei por ser se calhar mais forte nessa candidatura que fiz.

W&L: Fala-nos um bocado do teu trabalho como DJ.

JQ: Como DJ é um bocado extensão do que eu faço aqui. O que eu estou aqui a fazer basicamente é ser DJ de uma playlist mais rigorosa, e mais dentro de um género muito específico, que é o produto da Vodafone FM. No entanto quando me chamam para fazer DJ sets noutros sítios, noutros bares, noutras festas ou mesmo em festivais, acaba por ser fixe porque posso sair um bocado da estética da playlist. Pode sair um bocado mais ao meu gosto pessoal, pode sair coisas mais antigas. E aqui na Vodafone FM, não há obviamente hipótese porque se comprometeram com o produto de música nova. E como também na minha playlist posso ter música africana e música latina, que é uma febre minha mais recente. E é bem fixe. Eu tenho vindo a tocar em vários sítios e é uma coisa que eu gosto de fazer. Não só pelo dinheiro extra, mas porque é divertido apanhares com público completamente diferente e ajustares-te a isso. E também é bom para alimentar um bocado a emissão de rádio e alimentar também os DJ sets.

W&L: Sentes que a Vodafone FM é importante na divulgação da música portuguesa?

JQ: Acho. É uma pergunta um bocado ingrata de me fazeres. Pode ser sempre interpretado por estares a puxar a brasa à minha sardinha. Mas é óbvio que eu tenho que ter essa consciência, até porque é um trabalho muito intencional. Esse da Vodafone FM ser bastante empenhada em divulgar a música portuguesa. Temos uma facção muito grande de música portuguesa na nossa playlist. Nos festivais que organizamos, especialmente no Mexefest, de ver música portuguesa quase lado a lado em termos quantitativos e qualitativos por vezes com a música internacional. E tem sido uma aposta muito grande minha e do Pedro, que é quem faz agora as manhãs, de ter regularmente bandas cá a fazer showcases ou a fazer só entrevista ou a fazer as mexetapes. Tem sido óbvio, é uma aposta nossa. A Antena 3 faz o seu trabalho. A Radar faz o seu trabalho. Neste contexto. Mas se tiver que dizer, que a Vodafone FM tem um papel importante, tem. Tenho que afirmar que sim, claro.

W&L: A rádio celebrou o 4º aniversário no Musicbox. Como é que foi a festa?

JQ: A festa foi um formato que não tínhamos feito ainda. Nós já tínhamos feito uma festa num sítio de concertos, na sala Ritz na altura. Foi o primeiro aniversário. Aliás, não. O primeiro ainda fizemos lá em cima, ainda no estúdio antigo. Uma catrafada de concertos de bandas ao vivo. Das oito da manhã às oito da noite. Passaram lá todos e mais alguns. Desde You Can't Win Charlie Brown, Capitão Fausto, Salto, Gala Drop, Aquapark. E foi fixe, A dinâmica de ser uma festa dentro do estúdio para a emissão. No segundo ano fomos para o Ritz, com concertos dos Capitão Fausto e dos Juba. No terceiro ano, voltámos a fazer uma coisa aqui dentro, mas mais prolongada pela semana. E no quarto decidimos então fazer no Musicbox, com emissão a partir de lá. Ou seja, foi uma maneira de conseguirmos ter concertos ao vivo na antena mas com um formato propriamente dito de concerto. Porque eles aqui tão sempre reduzidos a um showcase. Uma bateria aqui não é a coisa mais fácil do mundo. Neste caso, vamos ter ali um estúdio de concertos ao vivo. E o Salvador já experimentou o estúdio na sexta-feira, e a partir de agora vamos fazê-lo com regularidade. Mas foi fixe conseguir ter aquele palco. E ao mesmo tempo em estúdio não iríamos conseguir ter pessoas. E, naquele caso tivémos os ouvintes próximos da emissão e do concerto, e foi bastante especial porque tornou aquilo muito único. Mas simples ao mesmo tempo. Gostei dessa experiência.


W&L: Como é que surgiu a ideia da Puro Fun?

JQ: A Puro Fun, a ideia tá no nome. Aquilo não é suposto... Aquilo é mais que suposto ser uma promotora. Aliás, na realidade aquilo é uma promotora. E um título, uma espécie de naming que eu lhe dou para não ser o Joaquim Quadros a organizar aquilo, e ser mesmo uma promotora. Ou não ser o próprio Joaquim Quadros a agenciar os Modernos, os Bispo e o Salvador. Mas ser sim, uma "agência". Porque não é uma coisa também que pretende ser muito sério. É só para haver organização. Eu acho que pode muito bem haver uma organização e uma estrutura em coisas que não são propriamente muito sérias. É uma coisa que eu faço fora da rádio, por isso não me interessa assim tanto ter o meu nome direto a organizar uma coisa, mas sim um nome em que eu possa juntar mais pessoas. Que é a minha intenção no futuro. Que hajam pessoas com ideias que digam, no caso do Club Z, que é dizerem que "também quero fazer uma coisa aos sábados que achas de dar o nome da Puro Fun e eu entro contigo, e entramos nisto a meias?". A minha ideia é começar a juntar pessoas. Nesta fase não tenho tido muito tempo, mas é um passo próximo de meter malta dentro desta promotora. E começar a criar um público. A construir um público, não a educar. Não quero educar ninguém. Mas construir um público que se veja nestas ideias que eu provoco. Obviamente vão haver pessoas a provocá-las comigo.

W&L: O Clube Z, que mencionaste agora. É um projecto que tencionas fazer a longo prazo?

JQ: O Clube Z sobrevive 95% de condições climatéricas. Por isso... Quero dizer, por acaso estou a mentir. Estou a dar muita pouca importância às bandas que tocam realmente em sítios cobertos. O Clube Z é uma coisa que depende muito, sim, do espírito festivo de verão e sol. Porque é isso que o Clube Z apoia, a par da música, ser mais do que 50%. Por isso eu estava a mentir quando disse aquilo dos 95%. A exagerar no fundo. O Clube Z é uma ideia que eu tive de, basicamente, pôr pessoas juntas a divertirem-se com tudo o que lá acontece, e não só com os concertos. Não é só vir cá fora fumar um cigarro e ir para outro concerto, como podia acontecer no Musicbox. No fundo, o que eu queria ali era que houvesse uma continuidade entre concertos e terraço, em que fosse divertido a todas as alturas do dia e não só quando uma banda começa a tocar. Porque limitava-me muito. Em termos de bandas, tinha que arranjar para aí 10, se quisesse fazer uma coisa das 17h às 23h da noite. Se quisesse fazer uma coisa contínua. E assim consigo fazer uma coisa mais respirada e que as pessoas também relaxam e bebem uns copos e estão na boa. O bom tempo não me vai permitir que aquilo fique como Clube Z mas em termos de juntar bandas e pessoas em sítios, isso pode acontecer a longo prazo. É isso que eu quero fazer, sem só estas três bandas que a Puro Fun agencia.

W&L: Podes falar-nos um bocado da experiência com os festivais que a Vodafone FM promove?

JQ: A Vodafone FM é a rádio oficial de três festivais: o Milhões de Festa, o Vodafone Paredes de Coura e o Vodafone Mexefest. Ou seja estes três festivais, dois deles são filhos da marca. Mas o Milhões temos o palco secundário em que é feita uma curadoria pelo próprio festival, e que nós identificados com as escolhas deles como Vodafone FM, nos implementamos lá em cima como nome do palco e com alguma presença. Eu acho que, nos meus quatro anos de rádio, é a coisa mais fixe que eu faço. O facto de estar nos festivais, perto dos músicos, perto do público, perto de gente como vocês que têm veículos que divulgam esses festivais ou esse tipo de iniciativas e as bandas portuguesas também. Mas tem sido o nosso momento mais fixe, em que eu acabo sempre por confundir um bocado aquilo se é mesmo um emprego ou se é estar-me a divertir ao mesmo tempo. Mas pronto. Tenho aquelas horas do dia em que vou estar-me a divertir daquela forma super concentrada. Porque eu tenho que entrevistar pessoas, tenho que lançar concertos a horas, tenho que arranjar as licenças com as agências e as editoras para transmitirmos esses concertos o que nem sempre é fácil. Acabo por muitas vezes, por fazer contacto com meios como a televisão, principalmente, sobre o que é que está a acontecer, ou as antevisões do próprio dia. E as saídas têm sido a coisa mais fixe que a Vodafone FM faz. Eu gosto muito do trabalho de estúdio, e de receber os músicos. Essencialmente de entrevistar os músicos é a nossa coisa mais fixe. Porque é uma cereja no topo do bolo, porque se tu passas um disco muito ou se tu fazes um destaque como uma coisa que vai aparecer aí ou vai ser respeitada. Ou se eu falei até com um músico por telefone e ele está ali, no nosso estúdio, em pleno Paredes, como que um aquário onde toda a gente pode ver e onde toda a gente se pode cruzar com ele. O Paredes numa escala enorme, como eu nunca antes tinha feito. O Mexefest já é uma escala bastante agitada e que ganha muita atividade naquelas horas em que há todos os concertos ao mesmo tempo, por isso nós temos que fazer uma ginástica fixe de transportar um concerto para a antena, dar um tempo aquele, voltar a chegar a um músico. É sempre um stress, mas é sempre bom. Agora em Paredes é duro, mas é incrível. Acho que é um grande privilégio estar a fazer aquilo.

W&L: Agora num tom mais brincalhão. Vamos dar-te uma série de nomes de bandas, e com eles vais ter que fazer frases ao calhas. A primeira banda é Arcade Fire.

JQ: Arcade my fire.

W&L: Pista.

JQ: Tropicália punk em quatro pistas.

W&L: Foxygen.

JQ: Foxygen-mos.

W&L: Mac DeMarco.

JQ: Mac DeMarco, acalma-te uma beca.

W&L: El Salvador.

JQ: El Salvador é o brócolo.

W&L: FKA Twigs.

JQ: És mais sensual que a música do Toy.

W&L: Tame Impala.

JQ: Tame Impala, onde é que vocês vão parar?

W&L: Django Django.

JQ: Quanto é que vocês gramam dos DIIV?

W&L: Sequin

JQ: Importaste que as pessoas te chamem Séquin?

W&L: E finalmente, Old Yellow Jack.

JQ: De onde é que vem este raio deste nome, Old Yellow Jack?



Texto: Alexzandra Souza
Fotografias: Iris Cabaça
Entrevista ao Joaquim Quadros Entrevista ao Joaquim Quadros Reviewed by Watch and Listen on setembro 10, 2015 Rating: 5

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