Entrevista White Haus


O projeto de João Vieira, White Haus, conta com um novo disco que sai esta semana. Antes do álbum sair, estivemos à conversa com o próprio para nos falar de "Modern Dancing", do videoclip de "Greatest Hits" e de planos para o futuro.

Leiam a entrevista em baixo.


Qual é a maior diferença entre este álbum, "Modern Dancing" e o primeiro, "The White Haus Album"?
Há aqui duas diferenças. Uma delas e a mais audível é que este foi um álbum gravado em estúdio, com banda e num estúdio profissional . Um estúdio onde eu já gravei anteriormente, e o álbum anterior foi uma componente muito mais caseira . Fui eu que toquei os instrumentos todos. Foi gravado no meu estúdio e depois foi passado também por outro estúdio, mas tudo numa onda mais lo-fi e menos "profissional". Neste disco, [toca] a banda que me acompanha ao vivo. No anterior  ainda não tinha banda. O projeto estava a iniciar e não sabia bem como é que ia transpor aquilo para o espetáculo ao vivo. Desta vez está tudo mais ou menos formatado, está tudo mais pensado dessa forma. Ao mesmo tempo, o lado conceptual do disco. Este é um disco mais alegre, tem uma vertente mais cómica, é menos negro e menos obscuro que o anterior. O anterior era um disco mesmo em termos de letras e tudo um bocadinho mais sombrio, e este aqui já traz uma luz nova e isso reflete-se não só nas canções mas também na própria capa do disco que tem uma capa colorida. A outra era uma capa negra, mesmo as fotos de promoção. Tudo isso transmite uma maior energia positiva que em relação ao outro. Não quer dizer que o outro fosse um disco negativo, mas era mais sombrio, era mais dark. Este aqui é um disco mais alegre. Tem uma componente cómica, as letras também, é diferente.

Como é que surgiu a ideia para a capa do disco?
A capa é feita pela Royal Studio, é um rapaz do Porto que é um excelente designer e eu gosto muito do trabalho dele, e convidei-o para fazer. Sendo que a ideia era fazer algo de minimal com o uso de duas ou três cores e que refletisse um pouco da imagem do áudio do disco. O álbum chama-se "Modern Dancing" e o título também tem uma componente muito importante para aqui . É um título que faz lembrar um pouco new wave, inícios de 80s e eu queria que a capa, não sendo retro o que não é, nem revivalista, que fosse uma coisa moderna mas que refletisse um pouco a música e eu acho que encaixa bem. Olhando para aquela capa consegue-se imaginar mais ou menos qual é o tipo de universo e é muito geométrico. O álbum também tem essa componente eletrónica de ter todos os sintetizadores e as batidas todas muito no sítio, por isso, há ali uma ligação mais ou menos de labirintos. Foi isso que quis que transmitisse e ele conseguiu retratar isso muito bem graficamente.

Qual foi a ideia por detrás do novo videoclip, "Greatest Hits"?
O videoclip é do Vasco Mendes que é um realizador que tem-me acompanhado desde o início. Ele já realizou penso que 6 ou 7 vídeos, já perdi a conta, mas acho que este é o 7º vídeo dele. A ideia aqui foi fazer um pouco diferente do anterior . Há aqui duas componentes também. Uma foi acrescentar uma componente gráfica feita pela ESAD que é uma Escola [Superior] de Artes e Design de Matosinhos em que os alunos fizeram uma intervenção manual gráfica sobre vários frames do vídeo. Foram 150 alunos que participaram neste vídeo, a desenhar. Foi um projeto que foi coordenado com os professores e comigo. Foi apresentado e eles acharam interessante, quiseram fazer e pronto. Todo este processo foi interessante porque também houve um contacto com uma geração muito mais nova e com uma abordagem diferente das coisas e para mim também foi inspirador, e foi uma colaboração que eu gostei muito de fazer. Exatamente por ser uma geração nova com outro tipo de energia e de otimismo. Desta vez optámos por fazer um vídeo mais com história. Os vídeos normalmente são uma linguagem mais cinematográfica sem grande história. Desta vez optámos por uma história diferente. O vídeo tem um lado mais cómico. A letra também foi muito tida em conta no vídeo. Por isso, foi um vídeo que demorou o seu tempo, foi um processo longo mas que no final resulta bem e transmite bem aquela energia e aquele non-sense do vídeo com um pouco da música. Acho que ligam bem.


Já estiveste a trabalhar em Londres e depois voltaste para Portugal. Quais foram as maiores diferenças que sentiste entre uma cidade e outra?
Eu estive em Portugal toda a minha vida depois fui para Londres e vim para cá outra vez, por isso, o que eu sinto grande diferença neste momento é que o Porto, que é a cidade onde eu vivo, é uma cidade muito diferente de quando eu regressei há 15 anos atrás. Há uma maior oferta, há maior turismo, há maior dinamismo na cidade. Há muitas mais coisas a acontecerem culturalmente. Não só de uma forma mais intervenção do Estado mas também das próprias pessoas que intervêm muito mais na cidade e que fazem muitas mais coisas. Por isso, há uma grande atividade a acontecer no Porto, de todas as partes e uma oferta cada vez maior. Londres na segunda metade dos anos 90 que foi a altura que em eu vivi lá, era uma cidade que oferecia uma quantidade de música a todos os níveis. Desde concertos a festivais, a lojas de música, imprensa. Tudo isso. Na altura queria muito viver a música de uma forma intensa . Era uma cidade com a qual eu me adaptava completamente porque eu vivia muito à volta deste universo. E havia concertos, ia aos clubs, ouvia música, ia às lojas de discos, lia sobre as bandas. Por isso, foi uma cidade que foi muito importante para o meu desenvolvimento cultural e para abranger um maior horizonte musical. Conheci muita gente interessante que me marcou, o que foi importante. Foi uma cidade que me veio influenciar e que me marcou muito e que influenciou o meu trabalho, e não só e a pessoa que sou também.

O que podemos esperar do projeto no futuro?
Agora tenho o álbum que sai dia 30 de setembro. Não quero criar grandes expectativas, mas é um disco que eu acho que vai funcionar muito ao vivo. Acho que há ali muito material para bons singles. Não sei o que posso esperar do futuro. Isso é uma incerteza sempre grande. Estou numa fase de expectativa, não estou com grande ansiedade por causa disso mas estou com alguma expectativa para saber como vai ser recebido o disco. Não só a nível de imprensa mas a nível de público. Depois tudo isso é que vai ditar os projetos futuros. Uma pessoa está muito dependente dos trabalhos que vai apresentando e a forma como são recebidos. Eu estou com confiança neste trabalho e acho que vai correr mas vamos ver.


Dia 18 de novembro, haverá um concerto de apresentação do novo álbum de White Haus no Cinema Passos Manuel, no Porto. A 19 de maio de 2017, é a vez de Lisboa receber o novo trabalho no CCBeat.
Entrevista White Haus Entrevista White Haus Reviewed by Watch and Listen on setembro 28, 2016 Rating: 5

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