A relação amor-ódio com Riverdale


Em cada episódio de "Riverdale" há sempre reações diferentes entre "adoro a série" e "odeio isto". A série da The CW costuma deixar os espectadores confusos, e as opiniões diferem entre ser boa ou má. Habitualmente, a maior parte considera-a má. Para quem vê desde a primeira temporada até agora, provavelmente, continua a assistir por ter uma relação amor-ódio. Na realidade, é o que "Riverdale" causa mesmo.

Primeiramente, o que leva muitas pessoas a não gostarem de "Riverdale" é o facto de cair nos clichés habituais de séries adolescentes que toda a gente já viu milhares de vezes, e em várias séries da The CW também. Nesta parte, não traz novidade nenhuma ao mundo da televisão, pois, são aspetos típicos mais do que usados. A rapariga popular da escola secundária, Cherly Blossom, é considerada a cabra. A rapariga inteligente e boazinha com um lado obscuro, Betty Cooper, apaixona-se pelo seu melhor amigo, Archie Andrews, que é um dos atletas mais cobiçados do seu ano. Chega uma rapariga nova, Veronica Lodge, pronta para partir corações e ficar com o de Archie. Por fim, o rapaz solitário que gosta de escrever, Jughead Jones, e tem um fraquinho por Betty. Quantas vezes é que já assistimos a histórias similares a esta? Tantas vezes que perdemos a conta.

Outra parte negativa é notar-se que ocorreram alguns erros de casting principalmente com Cole Sprouse. A atitude pseudo-pretensiosa de Jughead Jones, que está sempre a escrever julgamentos sobre onde mora, mas afinal não é um underdog tão grande como o querem fazer, e juntamente com a representação irónica de Cole Sprouse é uma combinação defeituosa. Há muitas cenas onde parece que Sprouse não leva a sua personagem nem o trabalho a sério e ri-se durante os diálogos. Até quando era uma criança parecia levar a representação para um lado mais severo em "Sweet Life of Zack and Cody", com o seu irmão gémeo Dylan Sprouse. Em vez de ter evoluído, apenas regrediu. Se outro ator interpretasse Jughead, de certeza que seria uma personagem muito mais interessante. 

A representação das minorias nesta série é muito fraca e não faz justiça a ninguém. O elenco é composto, maioritariamente, por pessoas brancas e heterossexuais. Enquanto que, as personagens de cor existentes tem pouco destaque e só aparecem durante uns cinco minutos em cada episódio. Josie and The Pussycats são a banda de Riverdale que todos habitantes conhecem e adoram, mas só surgem no ecrã quando estão a atuar. Na nova temporada, Josie McCoy fica mais próxima de Cherly Blossom e, mesmo assim, tem apenas alguns minutos de antena. O mesmo aconteceu a Valerie Brown, que foi mais destacada quando namorou com Archie. Quanto às personagens LGTBQ+, só há uma, pelo menos que seja assumida, e é Kevin Keller. Como se não lhe bastasse ser o único rapaz gay na escola, foi-lhe atribuído o estereótipo de "melhor amigo gay". Algo que deveria ser ultrapassado, mas por alguma razão decidiram insistir em "Riverdale". 

Contudo, há algumas partes positivas para se continuar a acompanhar o drama adolescente da The CW. Uma delas é o contexto sociopolítico presente que pode ser visto como um exemplo da sociedade de hoje em dia. Isto é, a guerra entre o Northside e o Southside que ocorre pode ser transportada para a nossa realidade devido à diferença entre ricos e pobres que é retratada aqui. Na vida real, provavelmente, não andamos mesmo à porrada com pessoas acima ou abaixo do nosso estatuto social, e conforme a política e a economia vão-se modificando, as divergências entre classes são cada vez mais notórias.

O mistério à volta da história também é um lado bom da série. A primeira temporada começou com a morte de Jason Blossom, que se desencadeou até descobrirem quem o matou e a verdade sobre o que realmente ocorreu naquele dia. Já na segunda, existe o Black Hood, um assassino furioso com a cidade onde vive e com os "pecadores" de lá. Apesar do guião ser de longe o melhor, o secretismo que paira no ar nesta série é uma das razões porque ainda se consegue aturá-la. 

Em suma, há aspetos negativos e positivos em "Riverdale"o que faz muitas pessoas odiarem ou adorarem. Assim, é a típica série que não traz novidade nenhuma, mas que até serve como uma distração.

Texto: Iris Cabaça
A relação amor-ódio com Riverdale A relação amor-ódio com Riverdale Reviewed by Watch and Listen on dezembro 13, 2017 Rating: 5

Slideshow