Plastic Hearts de Miley Cyrus: o surgimento da rockstar

No seu sétimo trabalho, Miley Cyrus reinventa-se, novamente, e entra no género que lhe parece mais inato, o rock. O seu novo álbum, Plastic Hearts, foi editado a 27 de novembro. 

Bastante longe dos seus tempos no papel de Hannah Montana, Miley Cyrus afasta-se da música Pop e lança o esperado álbum de rock, finalmente. Basta ouvir-se algumas das suas músicas anteriores, como, "Can’t Be Tamed", "Fly On The Wall", "Mother’s Daughter" e a cover de "Head Like A Hole" dos Nine Inch Nails, no seu episódio de Black Mirror, para se perceber que estava a poucos passos de se tornar uma rockstar.

Nos seus primeiros álbuns com o selo da Hollywood Records, Meet Miley Cyrus (2007), Breakout (2008) e Can’t Be Tamed (2010) mostrou que conseguia fazer sucesso sem a sua peruca loira. Três anos depois, regressa com Bangerz (2013) até se aproximou do hip-hop, ainda com alguns hits na rádio. Na colaboração com The Flaming Lips em Miley Cyrus & Her Dead Petz (2015) experimentou com o Pop psicadélico num álbum subestimado. Com Younger Now (2017) voltou às suas raízes country e até contou com a sua madrinha Dolly Parton em "Rainbowland". Por fim, em Plastic Hearts chega à sonoridade que lhe é mais natural e adequada.

O novo álbum Plastic Hearts personifica quase tudo que caracteriza Miley Cyrus e o que tem trabalhado nos últimos anos. As suas influências de pop, country, disco, punk e rock são todas incorporadas ao longo dos temas. O primeiro single, "Midnight Sky" tem uma melodia de synth-pop e disco, que foi inspirado por "Edge of Seventeen" de Stevie Nicks e aprovado pela própria, onde confirma que «I was born to run, I don't belong to anyone, oh no». Mais tarde, recebeu um remix da vocalista dos Fleetwood Mac apelidado "Edge of Midnight". No segundo single, Cyrus e Dua Lipa juntam-se numa colaboração explosiva de glam-rock em "Prisoner", interpolado por "Physical" de Olivia Newton-John, e abordam uma relação controladora. No vídeo repleto de referências grunge, conduzem um autocarro da tour até entrarem em palco no seu próximo concerto.

 

A artista também trabalhou com alguns dos seus ídolos musicais. A voz grave de Billy Idol surge em "Night Crawling" que assenta perfeitamente com as inspirações punk da música. Co-escrita por Cyrus e Mark Ronson e com Angel Olsen na guitarra, Joan Jett (The Runaways) canta ao seu lado em "Bad Karma", com claras influências de "Cherry Bomb" e "Bad Reputation". As covers aplaudidas de "Heart of Glass" dos Blondie e "Zombie" dos The Cranberries também fazem parte da lista de faixas.

Os momentos mais calmos chegam com as baladas. "Golden G String" é uma insinuação a Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, e sobre a forma como a cantora foi criticada pela media, enquanto havia um presidente que fazia coisas graves, «So the mad man's in the big chair/ And his heart's an iron vault». Já em "Never Be Me" fala de como é em relações amorosas, «But if you're looking for stable, that'll never be me/ If you're looking for faithful, that'll never be me». Para contrastar, "WTF Do I Know" e "Gimme What I Want" são músicas fortes e poderosas, «So gimme what I want or I'll give it to myself».

Plastic Hearts foi o passo certeiro para Miley Cyrus numa mudança para o lado do rock. Assim, conseguiu conjugar algumas das suas maiores influências, incluindo colaborações com os seus ídolos, e criar uma sonoridade que lhe assenta como uma luva e até fica melhor com o seu tom de voz. Depois de ser uma das maiores popstar, depressa se tornará uma grande rockstar.


Plastic Hearts de Miley Cyrus: o surgimento da rockstar Plastic Hearts de Miley Cyrus: o surgimento da rockstar Reviewed by Watch and Listen on dezembro 01, 2020 Rating: 5

Slideshow