NOS Alive 2022 - dia 4: a estreia de Phoebe Bridgers e o regresso aguardado dos Da Weasel

 

O NOS Alive terminou a sua edição deste ano de 4 dias, a 9 de julho, num dia que ficou marcado pelo regresso aos palcos de uma grande banda portuguesa: os Da Weasel. Também houve tempo para estreias, como a de Phoebe Bridgers, e oportunidades para se dançar até ao final da noite.


As irmãs Haim, Danielle, Este e Alana, voltaram a Portugal, após concertos no NOS Primavera Sound em 2014 e no Rock in Rio Lisboa em 2018, para apresentarem o seu terceiro e novo álbum, Women In Music Pt III (2021), com um pano grande no palco a dizer o nome do disco e a representar a capa com chouriças. Abriram logo com “Now I’m In It”, seguiu-se “My Song 5”, um dos temas mais fortes de Days Are Gone (2013), e “Want You Back”, de Something To Tell You (2017). O momento para Este Haim brilhar chegou antes de “3 AM”, quando falou sobre a última vez que passaram por Portugal, onde disse que curtiu com tantas pessoas e que os portugueses “beijam muito bem”. Depois, desceu para o público com a intenção de flirtar com e cantar para alguém na primeira fila, mas infelizmente o escolhido disse já estar comprometido. Já o momento de Danielle Haim foi a tocar bateria em “Gasoline”, com Este no baixo e Alana na guitarra. A energia inconfundível que as irmãs têm ao vivo não passava despercebida, com guitarras, baixos e baquetas no ar e cabelos ao vento, mostraram porque é que funcionam bem ao vivo e a união que têm. Infelizmente, da parte do público não foi sentida por todos, pois a maior parte esperava os dois nomes que vinham a seguir. Além disso, o concerto também foi curto e feito, maioritariamente, pelas músicas do novo álbum que não são conhecidas e orelhudas para se cantar num festival. Com “Forever” e “The Wire” ainda conseguiram atrair os seus fãs mais entusiásticos nas primeiras filas e algumas pessoas que não as conheciam, e terminaram com “The Steps”. Não foi o regresso mais forte, mas foi bom para matar saudades e para haver mais representações de mulheres músicas no cartaz e no palco principal.


Haim @ NOS Alive 2022

 

Ao longo do dia, era notório as imensas t-shirts com o logo da doninha para antecipar o regresso aos palcos de uma das melhores bandas nacionais, os Da Weasel, que causaram a maior enchente neste dia. Assim que Carlão (antes Pacman), Virgul, Jay, Quaresma, DJ Glue e Guilhas entraram em palco é como se nunca tivesse parado de tocar juntos, e muito menos que não tocavam há 15 anos. Dispararam logo alguns dos seus greatest hits com “Loja (Canção do Carocho)”, “A essência – Vem sentir” e “Força (Uma página de história). Dando espaço a cada um cada para ter o seu momento, continuaram com “Carrosel (Às vezes dá-me para isto), “Dúia”, a clássica “Dialectos de ternura”. Ainda se ouviu “Casa (Vem fazer de conta) e alguma esperança que Manel Cruz, que mais tarde atuou no palco Heineken, se juntasse ao grupo, mas tal não aconteceu e apenas se o viu através dos ecrãs. Havia músicas que arrancavam mais gritos e vozes em coro do público que outras, mas nem isso os abrandou. Infelizmente, não deu para se ver tudo porque apanharam o concerto de Phoebe Bridgers. Contudo, ainda não se percebe porque é que não anunciaram um concerto na Altice Arena até agora.


Da Weasel @ NOS Alive 2022

 

No palco Heineken, via-se imensos cartazes de fãs nas primeiras filas que aguardavam ansiosamente a estreia de Phoebe Bridgers em Portugal, que lançou o seu segundo disco Punisher em 2020. Minutos antes, ouvia-se o público a gritar “Phoebe, Phoebe, Phoebe”, e ao som de “Down With The Sickness” dos Disturbed entrou em palco para começar com o tema “Motion Sickness” de Stranger in the Alps (2017). Continuou com “DVD Menu” e “Garden Song”, acompanhadas pela voz do seu tour manager, deixando cada vez mais as emoções à flor da pele das pessoas que assistiam. Para animar um pouco as pessoas, seguiu-se “Kyoto” para voltar às músicas mais comoventes, como, “Punisher”, “Funeral”, “Moon Song” e “Savior Complex”. Ainda houve tempo para uma música nova, “Sidelines” da banda sonora da série Conversations With Friends. Ao longo do concerto, as reações do público variaram entre choros, gritos, saltos e aplausos, a reação adequada ao que aconteceu naquele palco e é exatamente o que as suas músicas pedem, e a artista retribuiu com sorrisos, descer do palco para tocar nos fãs e uma surpresa. Antes do final, trouxe o disco pedido “Me & My Dog” de boygenius, a banda da qual faz parte juntamente com Julien Baker e Lucy Dacus, uma escolha que deixou o seu público em êxtase e surpreendido. O fim perfeito ficou a cargo da graciosa “I Know The End”, e mal começou a cantar “Somewhere in Germany, but I can’t place it” sabia-se que ia terminar em grande e trazer todas as emoções do espetáculo ao rubro. Se em estúdio este tema soa maravilhosamente bem, ao vivo é uma experiência extradimensional desde a forma calma no início, passando por quando muda drasticamente de ritmo, acompanhado pelo saxofone, até ao berro, que foi sentido e gritado em uníssono das primeiras filas até às últimas, se havia momento para se largar tudo o que se sentiu no concerto era exatamente aqui e foi o que aconteceu. Assim, a estreia de Phoebe Bridgers acabou na forma ideal e, até ao momento, ainda se sente tudo o que ocorreu ali durante aquela hora e pouco.  


Phoebe Bridgers @ NOS Alive 2022

 

Os Imagine Dragons voltaram ao festival, depois dos seus concertos de 2014 e 2017, e levaram várias pessoas para os verem mais uma vez ou, talvez, pela primeira vez. Contrariamente ao concerto da banda anterior, não têm uma história ainda tão marcante e fazem uso dos seus singles radiofónicos, o que não impede o público de os cantar e aplaudir vivamente. E foi basicamente no que consistiu o concerto, sendo que, por os temas ser conhecidos por muitas pessoas até resultam bem em contexto de festival no meio de confettis e fogo de artíficio. Dito isto, tocaram temas como “Believer”, “Thunder”, “Whatever It Takes”. Ainda fizeram um cover de “Forever Young” de Alphaville. Para o fim, ficou “Radioactive”.


Imagine Dragons @ NOS Alive 2022

 

Os Parcels voltaram a Portugal, depois de se terem estreado no Super Bock Super Rock em 2018 e passarem pelo Vodafone Paredes de Coura em 2019, e minutos antes do concerto começar, viu-se uma avalanche de pessoas a correrem para o palco Heineken, o que até agora ainda não tinha acontecido com esta afluência. Passado um bocado, já era impossível ver-se o concerto bem de tão cheio que a tenda estava. Infelizmente, o concerto não fez jus ao hype, porque comparando com os dois anteriores não foi tão efusivo e especial como deveria ter sido. Contudo, talvez fizesse mais sentido terem trocado com os Two Door Cinema Club e terem atuado no palco principal, pelo menos, tinham bastante público para isso.


Parcels @ NOS Alive 2022

 

Outros repetentes do festival são os Two Door Cinema Club, que em 2016 deram um dos seus melhores concertos no nosso país no palco Heineken e se calhar desta vez deviam ter ido para esse palco novamente. Não eram muitas as pessoas que se encontravam perto do palco para este concerto, talvez porque muitas ainda estavam a ver Parcels, mas como em alt-J, deu para recordar alguns dos temas antigos e dançar durante um bocado. O alinhamento fez-se com músicas dos dois primeiros álbuns, como, “I Can Talk”, “Undercover Martyn” e “Next Year”. Apesar de não terem bem a mesma força ao vivo como antes, fecharam o palco principal numa nota positiva e com alguma animação.  


Two Door Cinema Club @ NOS Alive 2022

 

A honra de terminar o festival e ainda dançar-se até ao último minuto, para quem aguentou, ficou ao cargo de Caribou. O festival regressa em 2023 nos dias 6, 7 e 8 de julho.


Caribou @ NOS Alive 2022

 

Texto: Pedro Miguel & Iris Cabaça
Fotos: Iris Cabaça

NOS Alive 2022 - dia 4: a estreia de Phoebe Bridgers e o regresso aguardado dos Da Weasel NOS Alive 2022 - dia 4: a estreia de Phoebe Bridgers e o regresso aguardado dos Da Weasel Reviewed by Watch and Listen on julho 22, 2022 Rating: 5

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