Rock in Rio Lisboa 2022: 2º fim-de-semana - reportagem

O segundo fim-de-semana do Rock in Rio Lisboa foi feito com concertos de novos artistas, bandas mais clássicas e artistas acarinhados pelo público nacional, nos dias 25 e 26 de junho. O recinto levantou mais poeira, principalmente no último dia com os bilhetes esgotados e cerca de 80 mil pessoas.

Novamente a começar-se a rota no palco Rock Your Street, a banda brasileira Francisco, El Hombre trouxe a sua energia indescritível a um palco que pareceu pequeno demasiado pequeno para o que aconteceu ali. As músicas escolhidas para o concerto foram mais de festa, o que foi ampliado com o vocalista Mateo Piracés-Ugarte a pedir ao público para andar ora para o lado esquerdo, ora para o direito e a restante banda a acompanhá-lo nas melodias e coros. No final, Mateo desceu para o meio do público, onde cantou, dançou e saltou no meio das pessoas.

No palco Yorn, que este ano contou com a curadoria de Sam The Kid e tinha a premissa de trazer artistas de diversos bairros da zona metropolitana de Lisboa, estava Eva RapDiva com Von Di nos beats e dois backing vocals excelentes. A rapper nacional meteu o público, que a conhecia, a cantar alguns dos seus maiores hits como "Tudo de Novo", "Final Feliz" e "Lisboa Que Amanhece. Em pouco tempo, mostrou o seu poder em palco e que iniciativas destas deviam acontecer mais vezes em festivais.

No Galp Music Valley era a vez de Ney Matagrosso voltar a atuar em Portugal. Com um novo álbum, Nu Com a Minha Música, editado este ano, e bastante acarinhado pelo público português até se pergunta se não merecia atuar no palco Mundo, talvez noutro dia e mesmo que fosse a abri-lo, em vez de um palco demasiado pequeno para a sua grandeza. E percebe-se o porquê de encher os Coliseus cada vez que passa por um deles, pois sabe dar um espetáculo excelente.

Outro artista que merecia um palco maior era Omar Souleyman que encheu o Rock Your Street. O artista sírio não precisa de fazer muito para atrair o público, porque os ritmos das suas músicas conseguem-no fazer, mas é sempre ótimo vê-lo em palco a mostrar as suas influências dos sítios que lhe são familiares. Às vezes apenas batia palmas para apelar ao público a fazer o mesmo, entre os refrões e versos dos temas, e era realmente o que bastava. Desta forma, conseguiu meter as pessoas a dançarem desde a primeira fila até à última.

 

 

 

O segundo dia começou no palco Yorn com a rapper G Fema a atuar em casa, porque mora em Chelas. G Fema trouxe rap em crioulo ao Rock in Rio Lisboa, o que por si só já é algo histórico para um festival com esta dimensão, e ainda meteu algumas pessoas nas primeiras filas a seguirem os seus versos. Mais uma vez, um momento bastante importante para a história da música nacional ao dar-se espaço a uma rapper com músicas em crioulo. Também com pouco tempo, a rapper mostrou alguns dos seus melhores temas para o público que não arredava pé deste palco. No final, trouxe bailarinas que ajudaram a tornar este momento melhor. 

 

 

No palco Rock Your Street, foi a vez de uma das rainhas do kuduro mostrar tudo do que é capaz. Titica trouxe a voz, a dança e os ritmos do kuduro a este palco, algo que fazia falta acontecer ali. Acompanhada por bailarinos, uma banda e coros deu um espetáculo animado e para muitas pessoas que aguardavam ansiosamente por a verem ali. 

 

 

A nova sensação do funk brasileiro chegou a Portugal para dar um concerto no Galp Music Valley. Rebecca abriu as hostilidades do último dia de Rock In Rio Lisboa com muita animação e dança. Apesar de ter começado a ser reconhecida após a sua colaboração com Anitta, Luísa Sonza e Lexa em “Combatchy”, Rebecca já tem toda uma discografia com várias colaborações, desde de Ludmilla a Kevin O Chris. Músicas como “Barbie”, “Ao som do 150” e “Coça de Xereca” não faltaram neste concerto, que contou com uma participação especial de Anselmo Ralph para cantarem a sua música nova “Só por uma Canção”. Ainda no mesmo dia, a artista brasileira subiu ao palco Mundo para cantar junto com a Anitta e demonstrar que as mulheres brasileiras estão presentes em força.

 

É uma estrela na internet: passou também a ser um influencer no TikTok com mais de 52 milhões de seguidores. Jason Derulo já demonstrou que está cá para ficar. O concerto antecedeu Anitta ao final da tarde. Os clássicos do artista norte-americano fizeram parte da setlist deste divertido concertos. Músicas como “Watcha Say”, “Swalla” e “Want To Want Me” foram cantadas pelo público, de trás para a frente. Inclusive, a sua música “Savage Love” não faltou no concerto, com dançinhas do TikTok replicadas pelo público presente àquela hora. Podemos dizer que o artista fez jus ao que entrega na sua discografia: bailarinas, banda e muita dança.

Conhecidos pelo público português, o grupo de rap tuga Grognation entregou um concerto leve, contagioso e divertido. Apesar de terem estado no palco Yorn, pareceu que o público estava presente e que queria ver o concerto, preferia que o grupo tivesse atuado, por exemplo, no Galp Music Valley. Não faltaram clássicos na setlist como “Vodoo”, “Coração” e “Body”, esta última canção que contém parceria com o curador do palco Yorn, Sam the Kid. A ligação do grupo com Sam the Kid tem asas para durar mais tempo: editaram há pouco tempo o EP “Anatomia de Grog”, onde o artista produziu (todo o EP) e colaborou em algumas músicas como “Orelhas Quentes”. O grupo entregou rimas e animação ao final da tarde, concerto que antecipou Anitta no palco Mundo. 

 

Este foi o ponto alto do último dia do Rock in Rio. Anitta mostrou que está para ficar na história do festival e em Portugal. Foram mais de 80 mil pessoas no parque da Bela Vista que estiveram para ver um concerto cheio de energia e de muitas músicas conhecidas pelo público. “Bola Rebola”, “Some que ele vem atrás” e “Envolver”, a última que lhe rendeu um top1 Global no Spotify, o primeiro de um artista brasileiro, foram algumas das canções que os fãs entoaram de início ao fim. Em “Rave de Favela”, Anitta quis trazer a sua família e o seu atual namorado, Murda Beatz, até ao palco para festejar este concerto que, segundo a cantora, foi o melhor que deu até agora. Aliás, a cantora foi sinónimo de sucesso nas audiências televisivas, levando aos canais SIC a novos máximos de audiência. Segundo o canal privado, foram mais de 500 mil telespectadores que estiveram prendidos e rendidos ao concerto da cantora brasileira. 

É a terceira vez que vem ao nosso país. Post Malone, o cabeça de cartaz, diz que o melhor concerto que deu e adorou foi em Portugal, quando em 2019 esteve no MEO Sudoeste. A legião de fãs do artista norte-americano foi em força ao Rock In Rio e entoou canções como “Circles”, “Cooped Up” e “I Fall Apart”. Post entra no palco a fumar um cigarro e a beber, o que já parece ser típico em qualquer concerto do artista. À semelhança do que fez no seu concerto em 2019, na música “Rockstar”, Post partiu, mais uma vez, uma guitarra. Para além das badaladas mais calmas, o artista também cantou músicas novas do seu álbum, “Twelve Carat Toothache” que foi editado em junho, como “I Like You (A Happier Song)” e “Insane”. O público adorou, mais uma vez, o concerto de Post Malone e, de certeza, que voltaremos a vê-lo muito em breve.

 

O Rock in Rio Lisboa regressa ao Parque da Bela Vista em 2024.