MEO Kalorama: 5 artistas que o vão fazer correr para a bilheteira


 

O MEO Kalorama explodiu nas redes sociais quando os britânicos Arctic Monkeys anunciaram a sua presença num festival português até então desconhecido. Com um concerto confirmado na agenda da banda, os fãs não descansaram até saber se voltariam a ver esta banda tão querida para os públicos nacionais. A partir daí, as confirmações não deixaram ninguém indiferente e vieram provar que nem só de Rock in Rio se faz o Parque da Bela Vista. O cartaz completo junta alguns dos maiores nomes da música nacional e internacional, a ver e ouvir nos dias 1, 2 e 3 de setembro. Naquela que será a última paragem no que respeita a festivais de verão em Portugal, ficam cinco sugestões que não vão deixar ninguém indiferente.


Arctic Monkeys


O burburinho inicial do MEO Kalorama a todo se deve aos britânicos Arctic Monkeys. É certo e sabido que esta é uma das bandas que move mundos e fundos quando confirmada nos cartazes portugueses: se os Arctic Monkeys fazem parte de um alinhamento, os fãs vão fazer questão de comprar bilhetes na hora em que são anunciados. Já passaram quatro anos desde a última vez que Alex Turner pisou os palcos portugueses e parece demasiado tempo. Com o arranque da tour em 2022, a internet voltou a acordar para o charme do vocalista e os Arctic Monkeys voltaram a fazer parte das playlists e dos feeds das redes sociais. Os vídeos das atuações não param de chegar e dividem opiniões: há quem mencione a falta de energia de Alex Turner em palco, há quem continue a definir os concertos como inesquecíveis. Na setlist, estão alguns dos clássicos mais acarinhados pelos fãs como 505, Brianstorm ou Do Me A Favour do álbum Favourite Worst Nightmare (2007); Crying Lightning e Cornerstone do álbum Humbug (2009); I Bet You Look Good on the Dancefloor e The View From the Afternoon do álbum Whatever People Say I Am, That's What I Am Not (2006); e não podendo faltar o mítico AM (2013), com Do I Wanna Know, Why'd You Only Call Me When You're High?, ou R U Mine?. E para os fãs do trabalho mais recente, Tranquility Base Hotel + Casino e One Point Perspective. E para aqueles que estranharam o regresso sem um novo álbum associado, a espera está prestes a terminar. The Car é o nome escolhido para o sétimo álbum da banda britânica, anunciado esta manhã e com lançamento a 21 de outubro. Ainda que o público não vá a tempo de ouvir o novo álbum no MEO Kalorama, não pode perder a oportunidade de ver novamente Alex Turner em palco e sair com aquela nostalgia meio estranha que só um concerto de Arctic Monkeys consegue oferecer. No concerto de Zurique, ouviu-se um dos singles que farão parte do álbum - I ain't quite where I think I am - e que faz lembrar a sonoridade de Tranquility Base Hotel and Casino, no mesmo registo retro futurista. Para alguns, a nova sonoridade foi suficiente para esquecer a banda, mas para a grande maioria foi um estranha-se, depois entranha-se, tornando-o numa escolha musical regular. Parecia seguro assumir que longe iam os tempos da banda jovem que sentiu uma urgência em fazer renascer o punk britânico e o misturou com o indie rock, com a energia estrondosa das guitarras dos primeiros álbuns - esses que acompanharam a adolescência e os primeiros anos da vida adulta de grande parte dos fãs dos Arctic Monkeys. E essa segurança parece cair por terra perante as mais recentes entrevistas a Turner - que descreve o novo álbum como um regresso aos instintos, à música de garagem barulhenta que carateriza os primeiros trabalhos da banda. 


Jessie Ware


What's Your Pleasure? (2020) é aquilo que acontece quando se junta a música disco a uma das vozes mais poderosas da música pop da atualidade: um álbum estrondoso, que nos faz acreditar que temos a dança e o ritmo a fluir nas veias. O quarto álbum da artista britânica Jessie Ware nasce da necessidade de escapar à sensação de mediocridade que carregava nos ombros quando pensava na música que produzia e no stress associado às tours anteriores. Se nos habituámos a alguém que cantava baladas, é preciso desabituar: surgiu uma nova Jessie Ware, uma mulher confiante, poderosa, mais sexual, menos emocional. Para muitos, o álbum surge como um choque de realidade, mas era deste choque que Ware precisou para testar os limites da sua música. Criou um universo musical com inspiração na sonoridade do disco e surge nos palcos como um furacão. O espectáculo no MEO Kalorama promete ser uma pista de dança a céu aberto, onde Jessie Ware vai testar os limites do público e pedir para que sejam quebrados, nem que seja por uma hora. É ao som de músicas como What's Your Pleasure?, Hot N Heavy ou Spotlight que o público do festival vai poder conhecer a nova dimensão de Jessie Ware com uma performance mais livre, com menos amarras e com uma intensidade diferente da habitual. Para os fãs dos primeiros trabalhos da artista, não faltarão temas como Say You Love Me ou Wildest Moments, que vão mostrar mais uma vez a força vocal da artista britânica.



Years & Years


O trio britânico liderado por Olly Alexander esteve em Portugal no último ano antes da longa pausa do mundo - Years & Years fizeram parte do cartaz do festival MEO Sudoeste, em 2019. Nessa altura, a sua discografia era composta por dois álbuns: Communion (2015) e Palo Santo (2018), que ocuparam lugares nos mais diversos rankings e consolidaram o nome do grupo no panorama do electropop mundial. Ainda assim, não é de espantar que a pandemia tenha mudado drasticamente a percepção que existe da realidade e que tenha gerado uma insatisfação generalizada perante o conteúdo que consumimos e também que produzimos. É com base nessa insatisfação e na vontade gritante de espelhar na música a sua verdadeira identidade que Olly Alexander decide criar um álbum a solo - sem deixar para trás o nome Years & Years. Night Call é lançado em janeiro de 2022 e é com este projecto que o artista nos convida a entrar numa festa fora de horas: criada entre quatro paredes, mas aberta a todas as casas do mundo e a todas as pistas de dança improvisadas em quartos e salas. É um álbum que nos transporta para o significado mitológico das sereias - criaturas de uma beleza estonteante, que fingem amar homens para os condenarem à morte. Esta metáfora é a essência da música que compõe Night Call - com uma sonoridade intensa, com letras que refletem uma existência romântica atribulada. É um álbum sobre sedução entre pessoas que se encontram e separam na mesma noite, sobre jogos de poder entre desconhecidos, sobre a adrenalina das salas escuras. É quase como se pudéssemos pensar em Night Call como a progressão de uma relação tóxica: a conquista desenfreada, os pontos altos que parecem sempre ultrapassar os baixos, a intensidade de uma pessoa que ocupa todo o espaço da vida do outro e a consequente tentativa de alcançar uma nova liberdade, de reconstruir a vida além dessa fantasia perigosa. Este disco conta com músicas como Starstruck, Crave, Sweet Talker e Sooner ou Later, que serão perfeitas para meter o público do Kalorama a dançar. Para além dos temas presentes em Night Call, Palo Santo ou Communion, o público poderá ouvir It's a Sin - a colaboração com Elton John que deixou o nome de Olly Alexander nas bocas do mundo e que faz parte da série da HBO com o mesmo nome. 



James Blake

Depois do aclamado Assume Form (2019), que mudou radicalmente a música de James Blake como o público a conhecia, seguiu-se o álbum Friends That Break Your Heart (2021). Este álbum transporta os ouvintes para uma fase inicial da carreira do artista inglês: com músicas mais lineares, menos experimentais, mais próximas da emoção crua. Há uma simplicidade maior nas temáticas que fazem parte do álbum e, como tal, o tornam mais relacionável para o ouvinte: fala das relações que vão além do amor romântico, das relações de amizade que, tal como o título menciona, são capazes de partir o coração. Se Assume Form parecia ser construído numa atmosfera mais fria e distante, ainda que carregado da emoção exacerbada de uma relação romântica, Friends That Break Your Heart revela ser o oposto. É um álbum que analisa a existência de James Blake perante outras dinâmicas de relação e o seu próprio papel enquanto músico, de uma maneira mais intensa e com mais colaborações do que anteriormente. Os concertos de James Blake carregam sempre uma aura emocional de grande intensidade, associada à mistura entre o instrumental e a eletrónica que caracteriza a discografia do artista. Para aqueles que ainda não esqueceram álbuns como James Blake (2011), Overgrown (2013) ou The Colour in Anything (2016), a setlist conta com temas como Retrograde, Life Around Here ou A Case Of You. Dos trabalhos mais recentes, temas como Are You in Love?, Mile High, Friends That Break Your Heart ou Famous Last Words. Para quem procura um concerto emocional, James Blake será paragem obrigatória.



Ornatos Violeta 

Com trinta anos de carreira, poucos serão os portugueses que não estarão familiarizados com o fenómeno que são os Ornatos Violeta. Quando anunciado o regresso aos palcos, a banda portuguesa prometeu um único concerto para fechar em grande a sua carreira. Este concerto único acabou por ser transformado em múltiplas datas espalhadas pelos festivais em Portugal e - felizmente - não faltaram oportunidades para recordar os álbuns da banda de rock alternativo: Cão! (1997) e O Monstro Precisa de Amigos (1999). A voz de Manuel Cruz é incomparável a qualquer outra na música nacional, sempre associada à melancolia, à insatisfação, à solidão, à necessidade de mudança tão natural no ser humano. Para quem ainda não teve oportunidade de ver estes gigantes, é um concerto a não perder - do qual farão parte músicas como Ouvi Dizer, Dia Mau ou Punk Moda Funk.

Os bilhetes estão disponíveis nos pontos de venda habituais, assim como no site oficial do festival, na bilheteira SeeTickets e nas lojas MEO e CTT. O bilhete diário custa 61 euros e o passe geral para os três dias 145 euros, aos quais acrescem taxas de serviço. Para quem ainda não garantiu lugar no novo festival de Lisboa, faça-se à bilheteira: a organização anunciou no Instagram que estão disponíveis os últimos 2000 bilhetes diários para o segundo dia (2 de setembro) e os últimos 2000 passes gerais. 

MEO Kalorama: 5 artistas que o vão fazer correr para a bilheteira MEO Kalorama: 5 artistas que o vão fazer correr para a bilheteira Reviewed by Carina Soares on agosto 24, 2022 Rating: 5

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