Sónar Lisboa 2022: as jams de Thundercat, as batidas de Nídia e as deconstruções de Arca

 

A estreia do Sónar em Portugal recebeu, ao longo dos três dias, cerca de 27 mil pessoas de vários países em diversas salas em Lisboa. Com DJ sets e concertos de artistas portugueses e internacionais, já tem datas para 2023: 31 de março, 1 e 2 de abril.

 

O festival tinha começado um dia antes, dia 7 de abril, apenas com as exposições, instalações artísticas e AV shows, incluindo um DJ set de Tendency, no HUB Criativo do Beato. Contudo, na sexta-feira, dia 8 de abril, é que começou a sério com a onda de concertos e DJ sets que ocorreram até de madrugada no Centro de Congressos de Lisboa e no Pavilhão Carlos Lopes by Estrella Damn. Como não se consegue ver tudo ao mesmo tempo, a reportagem será focada em alguns momentos do segundo espaço mencionado. 

 

Em primeiro lugar, Switchdance, o DJ residente do Lux Frágil, aqueceu a pista de dança à medida que as pessoas iam chegando. O primeiro nome da noite que atraiu algumas pessoas foi Thundercat, que voltou a Portugal para apresentar o seu último álbum It Is What It is (2020), vencedor do Grammy de Best Progressive R&B Album. E no meio de um festival com diversos DJ sets, o artista trouxe o seu baixo de seis cordas e fez a festa no palco com a sua mistura efusiva de jazz, R&B, hip-hop, rock, funk e, inclusive, eletrónica, acompanhado pelo baterista Justin Brown e o teclista Dennis Hamm. É mesmo essa combinação tão particular do artista que conquista as pessoas, mas é a sua energia e comunicação durante a atuação, o que encantou o público mais atento às piadas e mensagens que ia dizendo. Pois, ora num segundo está a apontar para uma fã na primeira fila, como a seguir pode cantar sobre amor intergaláctico. 

 

Além destes momentos, depois de mostrar o seu falsete maravilhoso, implode em jams, onde parece que se esquece o sítio em que está e fica apenas no seu mundo a brindar as pessoas com as suas aptidões no baixo. Ainda tem tempo para dizer que adoro o seu amigo Louis Cole, em “I Love Louis Cole”, para falar da sua “Dragonball Durag” e tocar “Them Changes”, do disco anterior Drunk (2017).

 

 Thundercat @ Sónar Lisboa 2022

 

Outro nome português nos comandos foi a produtora e DJ Nídia, uma das embaixadoras da Princípe Discos, que veio mostrar as suas batidas ao público do festival. Com dois álbuns editados, Nídia É Má, Nídia É Fudida (2017) e Não Fales Nela Que a Mentes (2020), Nídia tem-se afirmado como uma das produtoras nacionais com mais sucesso internacionalmente, e tem feito vários DJ set pelo mundo nestes últimos anos. E sabe meter, e bem, o público a dançar, mesmo para quem não percebe as suas influências de batida e kuduro construídas nas suas músicas. 

 

Ao longo de uma hora de set, Nídia também trouxe outras inspirações, como, um remix de “O Sol” de Victor Kley, e de “Satisfaction” de Benny Benassi. Ainda tentou realizar uma brincadeira a dizer “Nídia é má” e para o público gritar-lhe de volta “Nídia é fudida”, apenas entendida pelas poucas pessoas portuguesas no meio da multidão. Assim, o que se perdeu na linguagem, ganhou-se em passos de dança. 

 

  Nídia @ Sónar Lisboa 2022

 

O nome que chamou mais pessoas para dançarem neste dia no Pavilhão Carlos Lopes foi Arca, DJ, produtora, cantora e compositora venezuelana, que regressou a Portugal para mais um set frenético. Só no ano passado, a artista editou quatros álbuns e construiu uma viagem pelo seu mundo que começou por KiCk i (2020). O espetáculo foi uma mistura entre um DJ set, com os seus próprios temas, e a cantar algumas músicas dos seus mais recentes discos, quando se colocava em frente à mesa de mistura e pegava no microfone. “Prada” e “Rakata”, onde desceu do palco para ir ter com o público, protagonizaram o primeiro instante em que largou os headphones e pegou no microfone.

 

A falar mais em inglês do que em espanhol, a certa altura perguntou “Can I ask you a question?” e quando ficou satisfeita com a reposta da multidão, rebentou com a delirante “KLK”, em colaboração com Rosalía, e a repetir “¿qué lo qué?”. Sem esquecer a caótica “Riquiquí”. Os fãs nas primeiras filas vibravam com cada música que reconheciam e ainda mais quando Arca as cantava ou se dirigia a eles. Quem estava mais atrás, dava os seus passos de dança porque era impossível ficar-se parado(a) no mesmo sítio enquanto se ouvia estes ritmos desconstruídos. Mais um espetáculo de Arca com diversas partes diferentes e que no seu todo, tornam cada live set/concerto que faz único. 

 

A noite no Pavilhão Carlos Lopes continuou com DJ Marfox, também da Príncipe Discos, Elkka e Dixon B2B Trikk.

 

Arca @ Sónar Lisboa 2022
Sónar Lisboa 2022: as jams de Thundercat, as batidas de Nídia e as deconstruções de Arca Sónar Lisboa 2022: as jams de Thundercat, as batidas de Nídia e as deconstruções de Arca Reviewed by Watch and Listen on abril 14, 2022 Rating: 5

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