Sónar Lisboa 2022: a força de Pongo e IAMDDB, e a boa energia de Shaka Lion
Neste segundo dia do Sónar Lisboa, 9 de abril, o cartaz foi mais completo e tinha muito por onde escolher, incluindo espetáculos no Coliseu dos Recreios, e, ainda, talks, instalações e AV shows no Hub Criativo do Beato. Igualmente, foi um dia diverso e com muitos artistas diferentes.
No primeiro dia do Sónar by Day, Ana Pacheco e Poté foram os primeiros a pisar o palco no Pavilhão Carlos Lopes. Por volta das 16h30, foi a vez de IAMDDB voltar a atuar na cidade onde nasceu. Apesar de parecer um horário demasiado cedo para a energia dos seus concertos, isso não se sentiu quando entrou em palco e disse “voltei”, mostrando-se pronta para destruir tudo. A falar tanto em português como em inglês, algo habitual nos seus concertos em Portugal, trouxe as suas influências de hip-hop, trap, jazz e reggae para o público do festival. Durante cerca de 45 minutos, a artista comandou tudo desde quando parar as músicas no momento em que queria, mandar o público abrir um mosh pit, após se ouvir “Shade”, e a controlar as luzes no palco, ora a pedir “trovoada”, ora a pedir um laranja como o pôr-do-sol, em “The Sun Shines On My Face”. O alinhamento foi feito com vários temas novos que ao vivo funcionam bem por serem explosivos e lançados com a agressividade certa pela artista.
O duo francês The Blaze regressou a Portugal, após um concerto no Vodafone Paredes de Coura em 2018 (um dos mais memoráveis dessa edição), mas desta vez em formato DJ set. Não foi tão imersivo, tanto a nível visual e musical, como nesse concerto, mas mesmo assim não deixaram as pessoas paradas durante o set. Ainda com o disco de estreia, Dancehall (2018), as suas músicas soam futurísticas.
Já Nicola Cruz, DJ e produtor, acalmou os ânimos por um bocado até chegar Honey Dijon. A DJ e produtora terminou o Sónar by Day em grande ao encher a sala com os seus ritmos de techno, disco e house. Ao mesmo tempo, mostrou as suas claras influências de New York dos anos 90 e da ballroom scene. Um set libertador que não deixou ninguém indiferente e no mesmo sítio sem se mexer.
A começar o Sónar by Night no Pavilhão Carlos Lopes, encontrava-se o DJ Shaka Lion a preparar a sua mesa de mistura. Se há coisa com a qual se pode contar sempre num DJ set de Raúl Wilson é que vai ser diferente do que se assistiu anteriormente. E assim foi, nesta noite no Sónar com o DJ a mostrar as suas misturas de funk, hip-hop, jazz e eletrónica, já habituais nos seus sets. Pelo meio, incluiu um remix da “Talk To Me You’ll Understand” de Ross From Friends com a melodia da “My Love” de Justin Timberlake por trás, e outro de “Drunk In Love” da Beyoncé feat. Jay-Z com uma batida funk. A energia de boas vibes e de quem adora passar música para muitas pessoas foi transmitida, o que também costuma estar presente nos seus espetáculos.
Para completar esta boa energia, chegou Kampire, DJ, escritora e ativista do Uganda, que mostrou as suas influências de bass, afrobeats e funk. Um set animado e bem recebido pelo público.
Outro dos poucos concertos neste segundo dia foi o de Pongo, no seu 30º aniversário, que veio apresentar o seu novo álbum, Sakidila, editado a 1 de abril, e apesar da hora tardia, despertou as pessoas presentes na sala para o que tem a dizer nas suas letras e o que dança ao ritmo dos seus temas. Também foi aqui onde pareceu não haver barreiras linguísticas no meio do público, porque, desde as primeiras até às últimas filas, todas as pessoas sentiram e apreciaram este momento explosivo. Este regresso a Portugal, depois de andar a atuar em alguns países europeus, ficou marcado pela forma como comanda o palco com a sua mistura de kuduro e house, mostrada desde que se lançou a solo. Abriu o concerto com “Quem Manda no Mic” e “Hey Linda”, acompanhada por um baterista e um teclista, e continuou a animação e dança em alta com “Tambulaya” e “Baia”, com duas bailarinas a seu lado. Abrandou um pouco com “Canto” e “Doudou”, mas rapidamente voltou com os ritmos frenéticos com “Começa”. Antes de tocar a nova versão de “Wegue Wegue”, dos Buraka Som Sistema, chamou duas raparigas para o palco para dançarem consigo e as suas bailarinas, com uma pequena lição da coreografia, para estrear esta versão da melhor maneira em território nacional. Para terminar em grande, criou uma batalha de dança no meio do público, enquanto cantava “Uwa”. A festa de anos foi excelente e a prova de que Pongo está pronta para atuar em qualquer festival e para diversos públicos, o que de certeza também se irá sentir no seu concerto no Sónar de Barcelona em junho.
Quase a terminar noite, foi a vez de Branko e Gafacci iniciarem o seu B2B. Branko com um novo álbum acabado de sair, OBG, e Gafacci com um EP editado no ano passado, Face The Wall, ainda conseguiram colocar o público que restava a dançar. A fechar a noite, ficou Dengue Dengue Dengue, o duo peruano editado pela Enchufada e que aqui apenas veio um, até por volta das 6h da manhã.