Tesouros revividos: "good kid, m.A.A.d city" de Kendrick Lamar
O álbum "good kid, m.A.A.d city" de Kendrick Lamar celebrou o seu quinto aniversário a 22 de outubro. Aquando do seu lançamento, em 2012, causou um grande impacto no mundo do hip-hop, e não só. Rapidamente, chegou a mais pessoas que antes não ligavam muito a esse género musical. Ao mesmo tempo, tornou-se um clássico na discografia do rapper de Compton e para quem o segue. Um disco bastante importante para o mundo da música e para o artista.
As primeiras mixtapes "Overly Dedicated" e "Section.80", lançadas em 2010 e 2011, respetivamente, causaram algum hype à volta de Kendrick Lamar. "Section.80" até recebeu algumas boas críticas. Duas mixtapes depois, chegou o longa-duração "good kid, m.A.A.d city" que pôs Lamar nas bocas do mundo. Quer tenha sido por "isto é hip-hop do bom" ou por "como é que ele consegue escrever tão bem?", de repente várias pessoas começaram a falar dele. Tanto fãs do hip-hop, não fãs do hip-hop, fãs de indie, não fãs de indie, e até a imprensa ouviram-no nem que tenha sido apenas uma música. Talvez fosse essa a intenção do rapper, ou foi apenas inconsciente, a verdade é que ele conseguiu deitar abaixo muros entre o hip-hop, o mainstream e o alternativo, e conseguiu chegar a muitas pessoas, por várias razões. A partir daqui, soube-se, imediatamente, que ele veio para ficar durante muito tempo.
Desde a primeira audição do primeiro tema, "Sherane a.k.a Master Splinter's Daughter", se sentiu logo que este seria um álbum clássico e diferente de todos os outros de hip-hop/rap que saíram antes, durante ou depois. Percebeu-se logo que as canções não seguiam as normas do género musical que habitualmente se ouvia nas rádios. Num ano em que foram lançadas músicas, como, "Thrift Shop" de Macklemore & Ryan Lewis feat. Wanz e "Starships" de Nicki Minaj. As letras também falam de amor, mulheres, álcool, dinheiro e problemas da sua cidade, tal como, outros rappers fizeram antes dele e ainda continuam a fazer. Porém, a perspetiva de Lamar é diferente da dos outros, pelo menos, na forma como ele escreve e retrata esses temas. Em "Bitch, Don't Kill My Vibe", fala do seu desagrado para com a indústria do hip-hop, fazendo algumas críticas, enquanto diz que "I am a sinner". Ou seja, aqui parece que critica os outros rappers, mas também perdão a Deus porque sabe que não é perfeito. A forma de Lamar abordar a sua escrita e os beats das suas músicas, foi o que tornou "good kid, m.A.A.d city" num trabalho intemporal.
Algo muito importante que Kendrick Lamar fez neste disco e ainda continua a fazer é falar e promover o sítio onde nasceu e cresceu: Compton. Ele tanto fala das coisas negativas, como das positivas. Assim, ele traz exposição para as situações que ocorrem diariamente lá, e, provavelmente, noutras cidades dos Estados Unidos. Também chama a atenção para muitos problemas político-sociais da sua cidade. Numa curta, que acompanha o LP e saiu algum tempo depois, entra-se um pouco na vida dos residentes de Compton.
Em suma, "good kid, m.A.A.d city" foi um disco que, sem dúvida, mudou o mundo da música, e a vida de Kendrick Lamar. Pois, alterou a forma das pessoas ouvirem hip-hop e elevou Lamar ao estatuto merecido de rapper. Cinco anos depois, ainda tem impacto político, social, musical e continua a ser relevante hoje em dia.
Texto: Iris Cabaça
Tesouros revividos: "good kid, m.A.A.d city" de Kendrick Lamar
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outubro 27, 2017
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