Scúru Fitchádu no Lux: a Resistensia necessária
O Scúru Fitchádu apresentou o seu novo e terceiro álbum, Griots i Riots, no Lux, no passado dia 22 de maio. O concerto de apresentação contou com a energia habitual do artista e serviu como um momento de libertação.
Depois de alguns dias atribulados com os resultados das eleições e o estado do nosso país, o novo álbum de Scúru Fitchádu foi lançado no dia seguinte, a 19 de maio, o que foi mencionado pelo artista no espetáculo. Se o álbum já era prova do quão relevante era ouvir-se letras sobre resistência cantadas em crioulo, o concerto veio solidificar esse facto e não podia ter calhado na melhor altura.
Assim, além do espetáculo ter servido como apresentação do novo álbum, também serviu para o artista, a sua banda e os seus convidados libertarem-se no em cima do palco e o mesmo para o público, quer seja através das letras ou ao dançar aos ritmos efusivos das suas músicas.
Ouviram-se temas como Idukasan i saud (educação e saúde), que conta com um sample de Liberdade de Sérgio Godinho, Kema palasio kema e Prekariaduz cujas letras e melodias têm tanto de políticas, disruptivas e caóticas (no bom sentido), enquanto abordam temas da perspetiva das pessoas que vivem nas periferias. E mesmo para quem não percebe crioulo a 100%, apesar de várias palavras serem percetíveis para quem fala português, os sentimentos das canções são sempre entendidos para quem as ouve e está atento.
O tema que dá nome ao disco, Griots i Riots, contou com um convidado especial: o artista Mbye Ebrima de Gâmbia, que toca kora – um instrumento de corda tradicional africano que se assemelha a uma harpa. Uma colaboração que ao vivo soou ainda mais bonita. O segundo convidado especial foi Conan Osiris, no tema Símia Kodjê ku, um feat. que era bastante esperado para quem viu o concerto de Osiris no Coliseu dos Recreios, em 2019, quando Fitchádu subiu ao palco para tocar o ferro em Nasce nas Açucenas. Uma música necessária para ambos artistas e que deve ser mais tocada ao vivo.
O concerto terminou com Resistensia, enquanto se via uma bandeira da Palestina que alguém do público colocou em frente a uma coluna no palco, um tema que aborda os “50 porcos” que estão na Assembleia da República, que agora são ainda mais, e Fitchádu disse que “nós somos mais que eles”. Desta forma, ficou a certeza de que mais do que nunca a arte é necessária, deve servir como resistência e ser disruptiva.
