Yo La Tengo no Hard Club: A noite em que o Porto viajou no tempo parado
Os Yo La Tengo subiram ao palco no Porto no passado dia 7 de fevereiro. Os norte-americanos, que estiveram em Lisboa na noite de dia 6, apresentaram o álbum “There’s a Riot Going On”, editado em 2018.
A sala não se via muito
preenchida quando o relógio bateu as 9 da noite. O público foi chegando, e à
medida que o clima aquecia, também o palco abriu as portas ao trio norte-americano.
Dos discos que pendiam do teto começou
também a cair a melancolia que tanta beleza concede a Yo La Tengo.
Arrancaram com You Are Here, que é também a música que
abre o mais recente álbum. O publico reagiu calmamente, algumas cabeças a abanar.
Afinal de contas, sabiam: enquanto lá estavam tinham todo o tempo do mundo. Detouring America With Horns veio animar
um pouquinho mais: a melodia folk-y aqueceu o ambiente e todos se mexeram mais
um pouquinho. Georgia Hubley, que ainda não estava em palco, apareceu para se
juntar aos dois companheiros, e assim começou oficialmente uma noite em cheio.
Na terceira vez em Portugal, a
seguir a um concerto em Lisboa, Yo La Tengo trouxeram ao Porto um concerto de
vai-e-vem, de altos e baixos. À medida que avançavam no reportório, a plateia
mexia-se com eles como ondas. Ora no pico do entusiasmo ora embalados pelas
notas mais melancólicas de músicas como She May, She Might ou The Ballad of Red
Buckets.
Com direito a pausa para
refresco, a segunda parte arrancou com Out of the Pool. Os sons mais calmos e experimentais
acalmaram o público ainda mexido com o intervalo e reinstalaram a paz que já tinham
criado na primeira parte. A componente instrumental, tão presente em todas as
músicas, conseguiu fazer a plateia imergir num foco e emoção que não permitiu
desviar atenções.
Revisitando álbuns mais antigos,
como I Am Not Afraid Of You And I Will Beat Your Ass (cujo nome Ira Kaplan não
deixou de referir) ou até mesmo Painful, Yo La Tengo conseguiram transformar a
sala 2 do Hard Club num espaço parado no tempo.
Entre
as melodias de amor às do desgosto, passando pelas mais mexidas e irreverentes,
viajou-se ali por um mundo de emoções que achávamos estarem adormecidas. E acabamos,
ao som de Did I Tell You e You Can Have It All, com a certeza de que mesmo
quando não conseguimos entender o que sentimos, os Yo La Tengo certamente
conseguem.
Texto: Carolina Alves
Fotos: Ângela Pereira
Yo La Tengo no Hard Club: A noite em que o Porto viajou no tempo parado
Reviewed by Carolina Alves
on
fevereiro 19, 2019
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