Metronomy no Coliseu dos Recreios: é bom estar de volta
Os Metronomy voltaram a Lisboa e ao Coliseu dos Recreios no segundo dia, a 2 de março, da sua tour europeia deste ano, após terem passado pelo Porto, para apresentarem o seu novo álbum Small World. A primeira parte ficou a cargo de Grove.
Na primeira parte esteve Grove, artista e DJ de Bristol, que transformou o Coliseu numa pista de dança. Apenas com dois EPs, Queer + Black e SPICE (2021), Grove mostrou ser um dos nomes a que se deve prestar atenção nos próximos tempos. Em cerca de meia hora, mostrou as suas influências de dancehall e drum & bass, inspiradas pelas raves black e queer a que assistiu ao longo da sua vida, com temas, como, “Skin2Skin”, “Black” e “Shadow”. Apesar de parecer haver algum receio inicial por ser o seu maior concerto até ao momento, de acordo com as suas próprias palavras, logo se perdeu quando passou a sua energia para o público e a recebeu de volta em força. Ao mesmo tempo, conseguiu meter o público mais atento a saltar do princípio ao fim, principalmente com uma música sobre senhorios “Fuck Ur Landlord” e a última, “Ur Boyfriend’s Whack”.
O grande momento por que se esperava era a entrada dos Metronomy em palco na segunda noite da sua tour europeia, no dia anterior atuaram no Hard Club no Porto, e o seu regresso ao Coliseu dos Recreios, após o concerto de 2017. Num Coliseu cheio de pessoas ansiosas pelo que parecia um quase regresso à normalidade, a banda britânica apresentou o seu novo álbum Small World, editado em fevereiro deste ano, e alguns dos seus temas mais icónicos que não podem faltar nos seus espetáculos.
Iniciaram o concerto com “Love Factory”, um registo mais acústico e calmo do que é habitual para o grupo nos últimos trabalhos e que ao vivo funciona bem. A fasquia começou a subir com a clássica “The Bay”, “Corrine”, um dos primeiros momentos para Anna Prior, a baterista, brilhar com a sua voz, e a animada “Reservoir”, que meteu o público a dançar no pouco espaço livre que havia. A seguir, tocaram mais um tema novo, “It’s good to be back”, e um antigo, “Everything Goes My Way”, onde Anna Prior teve o seu grande destaque ao cantar “love, I’m in love again…”, e com Joseph Mount, vocalista e guitarrista, e Olugbenga Adelekan, baixista e coro, a afastarem-se para os lados do palco de forma que os olhos e ouvidos fossem todos expostos na baterista.
A parte mais eletrónica e dançável chegou com “Boy Racers” e “Lying Low”, onde Joseph Mount e Olugbenga Adelekan abandonaram o palco deixando Anna Prior, Oscar Cash (teclado, coro e guitarra) e Michael Lovett (teclado e guitarras) a dominarem estes minutos. Ambos voltaram para “Holiday”, depois desses minutos eletrizantes, seguida por “Walking In The Dark”, “Insecurity” e “Salted Caramel Ice Cream” do álbum Metronomy Forever (2019).
Quanto às canções novas, podia haver alguma relutância por as melodias não serem tão divertidas como as dos discos anteriores, apesar das letras trazerem alguma esperança, mas ao vivo soam melhor e até fazem sentido nesta setlist. Não foram recebidas de forma tão apaixonada pelo público como as mais antigas, também por serem mais recentes, só que quando se ouve Mount a cantar “Things will be fine”, “Loneliness is always on the run/Never again will you fear anyone”, e “Well, you've caught me right on time/So for now let's enjoy the sunshine” é impossível não se gostar do conforto das letras.
Já quase no final do espetáculo, trouxeram algumas músicas que se podem considerar as favoritas dos seus fãs, a começar com “The Look” onde se ouviu a plateia a cantar do início ao fim e quando acabou as pessoas ainda queriam mais, então começaram a gritar em coro “oh-ohh-ohhh” ao ritmo do tema enquanto batiam palmas. Para acalmar um pouco os ânimos, ouviu-se “The Upsetter”, que voltaram a aumentar um bocado com “Old Skool”. Contudo, o público ficou em êxtase mal ouviu os primeiros acordes da entusiástica “Love Letters” e notou-se pela forma como foi recebida. Acabaram de uma maneira mais rock com “You Could Easily Have Me”.
Joseph Mount disse que este foi o maior concerto que deram em Lisboa, o que é verdade porque da última vez, em 2017, não estava tão cheio. Também se pode considerar que foi um dos melhores concertos que fizeram em Portugal nos últimos anos, e até à data, se calhar por terem voltado a atuar depois destes dois anos. O público, claramente, tinha saudades de os ver ao vivo mesmo que tenha sido a segunda, terceira, quarta ou quinta vez, por ter um pouco de um regresso à normalidade.