NOS Alive 2023: Dia 3 - o dia da libertação

 

 

No último dia, o NOS Alive contou com libertação em vários concertos e continua a trazer vários artistas queer, como no dia anterior, aos palcos NOS e Heineken e, também, muitas mulheres. Ainda teve direito a algumas estreias e alguns regressos esperados.

Uma estreia aguardada foi a de King Princess que pisou um palco nacional após o seu concerto de abertura na Love On Tour de Harry Styles em 2020 ter sido cancelado, o que se sentiu nos vários fãs que se juntaram no palco Heineken para a verem pela primeira vez. Ao longo do concerto teve muitas interações com os fãs nas primeiras filas e conquistou-os, não que fosse necessário, com os temas Too Bad, I Hate Myself, I Want to Party e Talia. Com a sua guitarra e a soltar alguns sorrisos entre músicas, esta Cheap Queen provou porque é que a sua estreia fazia falta em Portugal. 

 

No palco NOS, Sam Smith regressou ao festival, mas desta vez para um concerto completamente diferente dos anteriores em 2014 e 2015. Apesar de o seu espetáculo estar um bocado deslocado do que aconteceu no palco principal neste dia, tendo em conta os outros nomes, pode-se dizer que foi o melhor que aconteceu ali. Smith mostrou que, muitas vezes, o mais importante acaba por ser a voz que possui e que soa ainda melhor e mais forte ao vivo. Quer se goste das suas músicas ou não, é impossível não se gostar da sua bela voz que tanto pode servir bem em baladas (Like I Can, Stay With Me e Too Good at Goodbyes) como pode em músicas mais pop e mexidas (Gimme, Dancing With a Stranger e Promises). O espetáculo visual ajudou a tornar tudo mais apelativo, irreverente e ânsia em ver-se o que poderia surgir no momento seguinte. Latch, o tema com Disclosure, não podia faltar no alinhamento e é sempre excelente ao vivo. Unholy com Kim Petras encerrou o espetáculo e com ela a certeza que mais artistas como Sam Smith fazem falta nos palcos principais.

Após trazer um dos melhores concertos da edição do ano passado do Primavera Sound, no Porto, Rina Sawayama regressou a Portugal para mais um concerto a mostrar o melhor da pop. Com novo álbum, Hold The Girl, editado no ano passado, também trouxe um espetáculo completamente diferente, mas igualmente bom ao palco Heineken. O concerto foi semelhante a uma peça de teatro cheio de cenas encenadas e dramáticas e, ainda, várias mudas de roupa e acessórios, onde mostrou a boa atriz que é e porque entrou no filme John Wick: Chapter 4 (2023). Desde que entrou em palco para cantar Hold The Girl, a hora seguinte foi carregada de alguns dos seus melhores temas tanto do novo álbum como de SAWAYAMA (2020), tais como, Dynasty, Frankenstein e Bad Friend. Antes de STFU! ouviu-se a intro da música Blind dos Korn e um bocado de Break Stuff dos Limp Bizkit. Houve um momento em que Rina se sentou numa cadeira com as sua bailarinas enquanto lia um jornal com o título Mother Times que dizia "Rina Sawayama: I Simply Can't Slay Any Less", o que se pode comprovar depois deste grande espetáculo. A secção final foi composta por Comme des garçons (Like the Boys), XS e This Hell, onde pegou num chápeu de cowboy, e foi de tirar o fôlego nos últimos minutos. Pode-se afirmar que um ano depois, Rina Sawayama conseguiu elevar o seu espetáculo ao vivo e torná-lo ainda melhor com toda a teatralidade envolvida e as interações que teve com os fãs e mostrou que concertos de Pop devem fazer sempre parte dos festivais nacionais. 

 

 

Para encerrar o festival, pelo menos para nós, Branko chegou para o after e para encher a tenda do palco Heineken, algo esperado para os festivaleiros que ainda tinham energia para dançar. O produtor lisboeta veio apresentar o seu último disco OBG (2022) e mostrou o que faz de melhor: tornar qualquer espaço numa pista de dança. Ainda trouxe uma convidada especial a BIAB para cantar o novo tema Nuvem. Ninguém ficou indiferente ao espetáculo visual e aos ritmos de Branko, que é um dos mestres da música eletrónica em Portugal.