MEO Kalorama 2024 – 2º dia: uma surpresa e os regressos favoritos do público português
O segundo dia do MEO Kalorama deste ano contou com a estreia de uma das revelações da música britânico e regressos de bandas acarinhadas pelo público português ao longo dos anos.
A surpresa deste dia vai para Olivia Dean e a sua estreia em Portugal que chegou como uma lufada de ar fresco ao festival. A artista confessou que não sabia o que esperar deste concerto e se alguém iria aparecer, e felizmente apareceram várias pessoas para ouvirem músicas do seu primeiro álbum, Messy (2023), e muitas sabiam as letras.
Neste caso, o seu slot assentou com uma luva com a sua estética e músicas neste final de tarde, e veio bem acompanhada pela sua excelente banda composta por sete elementos. Músicas como Echo, UFO, Be My Own Boyfriend e I Could Be a Florist com o seu neo-soul e as composições das suas letras, com vários fãs nas filas da frente a cantarem-nas.
Com um concerto divertido e, ao mesmo tempo, pensativo, Olivia Dean provou porque é uma das revelações da música britânica e que está pronta para atuar em diferentes festivais mundiais e cativar uma audiência quer conheça o seu trabalho ou não.
The Kills regressaram a Portugal após uma espera de oito anos para apresentarem temas do novo álbum God Games (2023) num concerto que pareceu demasiado curto e deveriam voltar a tocar numa sala, como em 2016 no Coliseu dos Recreios. O duo formado por Alison Mosshart e Jamie Hince mostrou que o seu rock’n’roll continua em boa forma, e ambos se mostraram felizes por terminaram a tour europeia no nosso país.
Algumas das músicas novas soam um pouco menos eufóricas ao vivo do que as do álbum anterior Ash & Ice (2016), que com pena só teve direito a uma canção no alinhamento, como My Girls My Girls, LA Hex e Love and Tenderness. Já em New York e Wasterpiece, o duo mostrou porque é que a sua fórmula com a atitude cool de Alison Mosshart e as malhas na guitarra de Jamie Hince funcionam estes anos todos numa perfeita sintonia entre ambos.
Dos temas mais antigos, tocaram Black Balloon, Last Day of Magic, U.R.A. Fever, Baby Says, Kissy Kissy e DNA. Doing it to the Death e Future Starts Slow deram por terminado o concerto que satisfez as saudades do público da banda e da banda do público (não 100%) português.
(Não foi permitido realizar reportagem fotográfica.)
Os Jungle já fazem parte da casa de qualquer festival português, apesar de no ano passado terem finalmente vindo a solo num concerto no Sagres Campo Pequeno, e este ano não foi exceção. Com apenas quatro álbuns, já se tornaram numa das bandas favoritas do público nacional para ver um concerto mesmo mais do que uma vez, e percebe-se o porquê com as suas boas vibes, várias músicas alegres e com ritmos para se dançar, e ficaram bem no alinhamento deste dia no palco principal antes dos LCD Soundsystem.
Sem material novo, o grupo voltou a apresentar o álbum Volcano (2023) com algumas trocas nas ordens das músicas no alinhamento e alguns temas dos álbuns anteriores. Busy Earnin’, Casio, I’ve Been In Love, Back on 74, Us Against The World e Time fizeram as delícias do público que dançou em uníssono ao ritmo das melodias.
Pode parecer que os concertos de Jungle em Portugal já soam repetitivos, mas a realidade é que proporcionam sempre bons momentos seja em festivais ou numa sala e sabe-se que vai ser uma hora ou mais bem passada na sua companhia.
Após os Jungle transformarem o Parque da Bela Vista numa pista de dança foi a vez dos LCD Soundsystem fazerem o mesmo de uma maneira diferente, mas igualmente aperfeiçoada, e trazerem a sua bola de espelhos novamente a Portugal, depois dos concertos no Coliseu dos Recreios em 2018. A coroa deste dia foi, sem dúvidas, para a banda de Brooklyn que veio em modo de best of.
Liderada por James Murphy, a banda trouxe tudo o que era esperado de si: mostrar o seu dance-rock e animar o público desde as primeiras filas até às últimas. Com uma setlist curta, que mesmo assim deu para 1h30 de concerto, apresentaram alguns dos seus melhores temas, tais como, Someone Great, I Can Change e tonite.
Ao mesmo tempo, foi bonito ver uma banda com mais de 20 anos de carreira a juntar diferentes gerações com pessoas mais novas e outras mais velhas numa união por boa música eletrónica que sobrevive ao teste do tempo e continua a soar tão atual.
Para o final, guardaram New
York, I Love You but You're Bringing Me Down e All My Friends, que
acaba por ser um misto de euforia e melancolia e é sempre um dos melhores
momentos nos seus concertos e aqui não foi exceção.
Texto e fotos: Iris Cabaça