Luísa Sonza no Sagres Campo Pequeno: o escândalo que encaixou intimamente numa sala lisboeta
Foi na noite de Halloween (31 de outubro) que Luísa Sonza regressou a Portugal para uma dose dupla de concertos em Lisboa e Porto. O Sagres Campo Pequeno recebeu a artista brasileira com a tour Escândalo Íntimo.
Ainda que o foco tenha sido a apresentação do seu mais recente álbum de 2023, que dá nome à tour, o espectáculo contou com vários êxitos da carreira de Sonza, entre colaborações com outros artistas e o retorno ao disco DOCE 22. Arrancou com Principalmente Me Sinto Arrasada, depois de um ligeiro atraso que não foi suficiente para apagar a energia dos fãs. A excitação não desvaneceu e a artista continuou com Sagrado Profano.
Foi com Loira Gelada, uma música não lançada, que mostrou que é bem possível que a sua próxima versão artística se aproxime do rock e da eletrónica. Numa curta conversa, agradeceu aos fãs por lhe darem motivos para regressar tantas vezes a Portugal e encherem as salas por onde passa – fãs que apelidou carinhosamente de iguarias, antes de tocar Iguaria. Ainda no registo do mais recente álbum, o público foi conquistado com Carnificina, A Dona Aranha e Campo de Morango, com uma Luísa a assemelhar-se a um furacão e a mostrar que tem energia infinita para preencher palcos.
Não é surpreendente que os momentos de maior animação – os hits do funk que levaram a cantora aos tops da música nacional – correspondam também aos momentos de maior interação com o público. Temas como MODO TURBO (colaboração com Anitta e Pabllo Vitar) ou Sentadona (colaboração com David Kneip, MC Frog e DJ Gabriel do Borel) incentivaram a plateia a soltar o corpo e as cordas vocais, gritando “Ai, calica, ai caralho” a plenos pulmões na direção do palco. Não faltou MOTINHA 2.0, aliada à clássica Dança da Motinha dos Furacão 2000, para relembrar também os artistas que construíram o caminho para uma nova geração de músicos.
Para além do talento de Sonza, é indispensável mencionar os bailarinos que a acompanham. Luísa deixou o palco por momentos e deu espaço para uma introdução prolongada da música ANACONDA *o* ~~~, que deu oportunidade ao público de ver em ação as coreografias detalhadas e sensuais daqueles que estão muitas vezes em segundo plano quando é Luísa a razão indiscutível para marcar presença nos concertos. Aproveitou também para usar CACHORRINHAS como forma de apresentação das “suas meninas”.
Como nem só de agitação se constrói um espectáculo, a capacidade vocal da artista foi posta em destaque em temas mais calmos como Chico, uma das baladas mais apreciadas pelos fãs. Luísa dedicou a música a todos os apaixonados da plateia. Quase como se de uma transição se tratasse para a fase final do concerto, a artista começou uma sequência de temas mais emocionais como Penhasco e Penhasco2, Melhor Sozinha ou O Barquinho, uma homenagem à artista Elis Regina. Despediu-se dos fãs com Lança Menina e com um agradecimento sentido a Lisboa por a receberem sempre tão bem.
Luísa Sonza estabelece-se assim como uma das artistas da pop brasileira mais acarinhadas pelo público português. O espectáculo que aconteceu na sala lisboeta só vem confirmar que não é sem razão que esta tem vindo a ser reconhecida internacionalmente pelo seu talento e pela produção artística que apresenta nos palcos que pisa.
Apesar disso, o concerto contou com alguns erros técnicos com o som e com algumas queixas por parte dos fãs sobre a duração total do espectáculo.
A artista termina a sua passagem pelo nosso país na Super Bock Arena, no Porto, a 1 de novembro.
Galeria de fotos:
Texto: Carina Soares
Fotos: Iris Cabaça
Reviewed by Carina Soares
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novembro 01, 2025
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